segunda-feira, 29 de março de 2010

Fenicafé se consolida como maior evento da cafeicultura irrigada do país

A organização estima, que mais de 15 mil pessoas tenham passado pelo evento durante os três dias de realização. A Fenicafé 2011 já tem data para acontecer de 06 a 08 de abril

Lilian Rodrigues
A Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) comemora mais uma vez o sucesso da Fenicafé, que em 2010 apresentou o tema “Previna-se: Quem Investe em Irrigação Colhe Mais”. A ACA estima que cerca de 15 mil pessoas entre produtores, empresários, comunidade científica, estudantes e comerciantes ligados à cafeicultura brasileira, representando 150 cidades de 12 estados Brasileiros, tenha passado pelo evento, durante os três dias de sua realização. Pesquisadores especialistas em Cafeicultura Irrigada expuseram as mais recentes pesquisas, em um encontro que congrega simultaneamente três eventos: o XV Encontro Nacional de e Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, a XII Feira de Irrigação em Café do Brasil e o XII Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada.
Realizada com o objetivo divulgar a importância da irrigação e seus sistemas, a Fenicafé em 2010 apresentou lançamentos de produtos e equipamentos, bem como os resultados de pesquisas para o incremento da produtividade e da qualidade do café do cerrado brasileiro. O evento é uma realização da Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) – Café do Cerrado Brasil e conta com o apoio da Embrapa/Café – Prefeitura Municipal de Araguari, Ministério da Agricultura e Sebrae/MG. 60 expositores ocuparam os 85 stands da feira, que além de cursos e palestras reservou muitas atrações aos participantes.
O presidente da ACA, Nivaldo Ribeiro de Souza, disse que a Fenicafé 2010 foi um sucesso de público. “Tivemos este ano, excelentes palestrantes que trouxeram para Araguari o mais alto nível de informação em cafeicultura irrigada e outros assuntos. Com certeza o produtor, que busca a baixa do custo e o aumento da produtividade, conseguiu levar algo novo para sua propriedade”, ressalta.
Souza afirma que uma novidade este ano foi à presença ilustre do professor Derrel Martin, da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos. “O professor nos mostrou que o Brasil ainda está muito atrasado quando o assunto é irrigação. O estado de Nebraska, que é menor que o estado de Pernambuco, tem 3,4 milhões de hectares irrigados, o que corresponde uma área superior à irrigação de todo território brasileiro”.
Para 2011, a ACA promete fazer um enorme esforço para trazer para Araguari um dia internacional da irrigação com palestrantes norte-americanos e europeus. A intenção é trazer mais conhecimento na área de recursos hídricos e legislação ambiental.

Abertura
Autoridades nacionais, relacionadas ao setor cafeeiro, participaram da abertura, dentre elas destaca-se, o ex-ministro Alysson Paulinelli, que fez a palestra magna de abertura falando sobre “Os Novos Desafios da Agricultura Brasileira”; Nilvado Ribeiro, presidente da ACA, Lucas Tadeu Ferreira, do Decaf (Departamento de Café do Mapa), José Geraldo Eugênio, secretário executivo da Embrapa, Mirian Terezinha, gerente adjunta da Embrapa Café, Dr. Ricardo , diretor executivo do Banco do Brasil, Gilman Viana, secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais, o deputado federal Silas Brasileiro, o deputado José Fernando Aparecido de Oliveira (PV-MG) , Gulherme Braga do Cecafé, João Roberto Puliti, diretor da Faemg, Francisco Sérgio de Assis, presidente da Federação do Café do Cerrado, deputado Marcos Pontes, Major Ailton Donizete de Souza, Túlio Rodrigues de Souza, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Araguari, Carlos Aberto Paulino, da Coouxupé, Eunice Mendes, presidente da Câmara de vereadores de Araguari, prefeito de Araguari, Marcos Coelho, o Coronel André Luiz Stangl Risse, comandante do 11º. Batalhão de Engenharia de Construção do Exército Brasileiro, entre outros.
No discurso de abertura da solenidade, entre homenagens e agradecimentos, Souza, destacou o desenvolvimento da Fenicafé ao longo destes 15 anos. “A Fenicafé cresce a cada ano e a sua realização é de importância fundamental para a cafeicultura brasileira”. “Poucas regiões produzem café irrigado. E essa irrigação promoveu, ao longo dos anos, a busca de alternativas por parte dos produtores e do aumento da produtividade. Isso faz com que pessoas de várias regiões venham conhecer os sistemas de irrigação e as técnicas que estão sendo agregadas”, completa. Mais uma vez foi falado em união do setor. Segundo Souza, a cafeicutura deve se organizar levando propostas de políticas agrícolas que condiza com a realidade do setor. “Que nos próximos eventos estamos discutidos não a prorrogação de dívidas, mas técnicas que difundem novas tecnologias e aumente a renda para o produtor”, salienta.
Souza acredita que a Fenicafé é uma oportunidade para os cafeicultores e técnicos tomarem conhecimento dos resultados das pesquisas e também apontar demandas para novos estudos. “Por possibilitar um melhor aproveitamento de terras aparentemente inaproveitáveis para a agricultura e reduzir os riscos de quebra de safra, a irrigação é a tecnologia que tem despertado maior interesse para investimentos”, afirma.
Dos cinco bilhões de pés de café brasileiros, 10% são irrigados, representando em torno de 22% da produção nacional. Em Araguari, sede do evento, cerca de 100% das lavouras são irrigadas.

Discursos e polêmicas
Para o presidente da Federação do Café do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis, o café precisa urgente de uma política mais inteligente. “A cafeicultura é um setor muito grande, mas sem uma política de representatividade nada se faz. Devemos pensar em planejamento estratégico. Muitos outros setores já se organizaram e conseguiram bons resultados. O Brasil é o maior produtor de grãos do mundo e com certeza será o maior consumidor, portanto precisamos usar a força do setor que emprega oito milhões de pessoas no país”, destaca.
Já odiretor do Departamento do Café (Decaf) do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), Lucas Tadeu Ferreira, que esteve em Araguari representando o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defendeu a agricultura. Segundo ele, o executivo age dentro da legislação existente e o que falta são medidas jurídicas em apoio a agricultura. “Muitas ações estão fora à alçada do ministério e cumprimos o que está no regulamento”, afirma. Lucas Ferreira anunciou durante a abertura da Feira, a liberação de R$ 2.088 milhões para as tradicionais linhas de crédito da cafeicultura (custeio, colheita e comercialização).
Para o secretário executivo da Embrapa Café, José Geraldo Eugênio, o café tem tradição, portanto é necessária uma política também de ciência e tecnologia. “Precisamos criar uma estrutura de pesquisa para deixarmos de ser simplesmente vendedores de grãos e passarmos para um país com uma commoditie sustentável”, declara.
O secretário da Agricultura do Estado de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, afirmou que o setor cafeeiro precisa urgente de políticas estratégicas eficientes. “É necessário que se faça à retirada de produtos do mercado. O mercado não suporta trabalhar com excesso de produto sem baixar o preço. A minha proposta é que se retire 10 milhões de sacas da produção brasileira para o mercado não ficar ofertado e quando demandar, certamente haverá recuperação de preços e um aumento da renda do produtor”, afirma.

Palestra magna
Um dos momentos mais marcantes da Fenicafé 2010, foi à palestra magna proferida pelo ex-ministro Alysson Paulinelli na abertura do evento. Para Paulinelli, o maior desafio do agronegócio refere-se à organização. “O Brasil não tem política pública nem de produção e muito menos de comercialização, afirma o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli. Segundo Paulinelli, o café está a praticamente sete anos em crise. “Trata-se de uma cultura híbrida. Se há excesso de oferta, o preço cai e se há escassez do produto o preço tende a subir. Nossa grande preocupação é que o setor permanece há sete anos em um aperto sem precedentes. O produtor está descapitalizado e os tradicionais produtores estão deixando a atividade”, afirma, dizendo que o café hoje, não é aquele que gerou a grande economia brasileira no século anterior. “Foi ele quem fez a industria do país, mas foi cedendo espaço”, adianta. “O Brasil que chegou a ter 60% do mercado internacional, hoje tem menos de 20%. Nos fomos perdendo porque não soubemos organizar. Os produtores estão em dificuldade, endividados, por pegarem emprestado um dinheiro que era deles mesmo, que são os recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Brasileira)”, informa.
Paulinelli disse que a situação do setor é muito ruim, não só sob o ponto de vista só econômico, porque o cafe ainda é um importante produto na nossa pauta de exportação, mas principalmente sob o ponto de vista social, porque é uma cultura que gera grande quantidade de emprego no Brasil.

Responsabilidade Ambiental
A ACA, organizadora do Fenicafé, preocupa-se com o meio ambiente. Durante o todo, o ano a associação orienta todos os cafeicultores a trabalharem de forma sustentável tentando cada vez mais otimizar processos, garantindo a sustentabilidade da produção.
As emissões de Gás Carbônico (CO²) emitidas para a atmosfera em decorrência do Fenicafé serão contabilizadas e neutralizadas com o plantio de árvores nativas.
“Esperamos dar o exemplo para todos os envolvidos diretos ou indiretos, para que trabalhem cada vez mais viabilizando o futuro, e garantindo condições de conservação do planeta Terra”, salienta a Comissão Organizadora Fenicafé.

Surpresa
Uma grande surpresa na Fenicafé 2010 foi a palestra relâmpago do norte-americano Derrel Martin Ph.d, P.E, do departament of Biological Systemns Engeneering Irrigation and Water Resourcer Engeneerin Institute of Agriculture and Natural Resources, do departamento de engenharia de irrigação e sistemas biológicos da Universidade de Nebraska nos Estados Unidos. Martin traçou um panorama sobre a gestão de recursos hídricos com base em uma gestão concreta, a partir de estudos realizados na universidade.

Inauguração
A Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) inaugurou oficialmente nesta quinta-feira (25), durante a programação da Fenicafé 2010, o Campo Experimental Izidoro Bronzi. O Campo Experimental fica em uma área arrendada pela ACA e teve suas atividades iniciadas em agosto de 2009. Segundo o presidente da Associação Araguarina, Nivaldo Souza Ribeiro, o Campo foi implantado com o objetivo de fomentar pesquisas nas diversas áreas da cafeicultura, com ênfase nos trabalhos de irrigação, tratos nutricionais, tratos fitossanitários e culturais, além do melhoramento genético e qualidade do café. Mais informações podem ser obtidas no site: http://www.fenicafe.com.br

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