quarta-feira, 24 de março de 2010

“O cafeicultor tem apanhado e vai continuar apanhando”, afirma ex-ministro


Para Alysson Paulinelli, o maior desafio do agronegócio refere-se à organização

“O Brasil não tem política pública nem de produção e muito menos de comercialização, afirma o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, que esteve na abertura da 15ª. Feira de Irrigação em Café do Cerrado, a Fenicafé 2010, em Araguari, no Triangulo Mineiro, nesta terça-feira (24). Segundo Paulinelli, o café está a praticamente sete anos em crise. “Trata-se de uma cultura híbrida. Se há excesso de oferta, o preço cai e se há escassez do produto o preço tende a subir. Nossa grande preocupação é que o setor permanece há sete anos em um aperto sem precedentes. O produtor está descapitalizado e os tradicionais produtores estão deixando a atividade”, afirma, dizendo que o café hoje, não é aquele que gerou a grande economia brasileira no século anterior. “Foi ele quem fez a industria do país, mas foi cedendo espaço”, adianta. “O Brasil que chegou a ter 60% do mercado internacional, hoje tem menos de 20%. Nos fomos perdendo porque não soubemos organizar. Os produtores estão em dificuldade, endividados, por pegarem emprestado um dinheiro que era deles mesmo, que são os recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Brasileira)”, informa.
Paulinelli disse que a situação do setor é muito ruim, não só sob o ponto de vista só econômico, porque o cafe ainda é um importante produto na nossa pauta de exportação, mas principalmente sob o ponto de vista social, porque é uma cultura que gera grande quantidade de emprego no Brasil. “Estamos sentindo que a agricultura vem sofrendo. Em 1972, eu plantei o primeiro pé de café aqui no cerrado. Essa cafeicultura irrigada do cerrado mineiro tem suportado essa crise razoavelmente, mas a grande cafeicultura brasileira está sofrendo muito. O movimento cíclico que girava em torno de quatro a cinco anos já ultrapassou a série e o agricultor continua sofrendo penosamente e isso tem que mudar, para isso recomendo a organização”

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